domingo, 23 de junho de 2013

Queimada Viva, Souad [Opinião]

Sinopse:

Quando o amor antes do casamento é sinónimo de morte.
Souad tinha dezassete anos e estava apaixonada. Na sua aldeia da Cisjordânia, como em tantas outras, o amor antes do casamento era sinónimo de morte. Tendo ficado grávida, um cunhado é encarregado de executar a sentença: regá- -la com gasolina e chegar-lhe fogo. Terrivelmente queimada, Souad sobrevive por milagre. No hospital, para onde a levam e onde se recusam a tratá-la, a própria mãe tenta assassiná-la.
Hoje, muitos anos depois, Souad decide falar em nome das mulheres que, por motivos idênticos aos seus, ainda arriscam a vida. Para o fazer, para contar ao mundo a barbaridade desta prática, ela corre diariamente sérios perigos, uma vez que o “atentado” à honra da sua família é um “crime” que ainda não prescreveu. 
Um testemunho comovente e aterrador, mas também um apelo contra o silêncio que cobre o sofrimento e a morte de milhares de mulheres.

Opinião:

'Queimada viva' é um livro cujo relato nos conta a história de Souad, uma jovem Cisjordânia que por dar ouvidos ao seu coração ingénuo e se apaixonar por um homem sem carácter acaba por cometer um dos crimes mais graves que os costumes do seu povo e da sua aldeia condenam: crime de honra. E quando isto acontece, apenas uma medida pode livrar a família de tal desgosto: a morte.

Já tinha visto este livro algumas vezes e lido variadas opiniões acerca dele. Umas pessoas defendem que é um testemunho real, um relato verídico de alguém que sofreu atrozmente os costumes de uma aldeia retrograda, com pensamentos machistas e obsoletos onde as mulheres, independentemente da idade, condição social, estatuto ou beleza são tratadas abaixo de esterco. Sim, porque pelos relatos os animais, cães, cabras, vacas, etc, são mais bem tratadas do que elas. 

Outras pessoas defendem que os mesmos relatos são incongruentes e impossíveis. Pontos de vista clínicos que contestam a veracidade, por exemplo, da percentagem de superfície dérmica queimada e infecção por não tratamento e ainda assim sobrevivência da vitima. Para mim, independentemente de ser verídico na sua totalidade ou não, não posso deixar de ficar surpreendida e ao mesmo tempo aliviada por ter nascido na liberdade ocidental. 

Este relato pode não ser totalmente real, pode muito bem ser a junção de várias situações e uma história criada a partir dessa junção, mas que estes crimes existem, existem. E isso é incontestável e por serem reais repugna-me e deixa-me com vontade de mandar uma bomba lá para o meio daquelas aldeias, onde os homens porque são homens têm todos os poderes, incluindo o poder de matar sem que nada lhes aconteça. 

Os costumes estão de tal modo deturpados e enraizados naquela gente, que para eles matar um bebé recém nascido só porque é uma menina é a coisa mais normal do mundo. Espancar mulher e filhas também  é normal. Condenar uma filha à morte porque ela foi ingénua e apaixonada e se deixou levar pela lábia de um homem mais velho, que mesmo sabendo que o que estava a fazer era errado e a podia desgraçar e não se importou uma vez que seria ela que no fim de contas morreria, também é normal. Uma data de monstruosidades que serve para reflectirmos em que mundo vivemos e que culturas nos rodeiam. Até porque muitas das vezes este tipo de violência e atrocidade também acontece nos países ocidentais. Na sua região ou cidade. Quem sabe na nossa rua ou muitas das vezes, na casa do nosso vizinho.  

Não posso atribuir muitas estrelas a este livro, porque se o que li foi impressionante e me fez ficar interessada na história a verdade é que a carga emocional negativa é tão forte e desgastante que ainda não sei como é que não tive pesadelos com todos aqueles maus tratos cometidas contra mulheres. Podem ver no Goodreads as 3* que lhe atribuí.

Boas leituras, 
21 de Junho 2013



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